Dorinha x Eduardo x Laurez
- Flávio Guimarães

- há 7 horas
- 3 min de leitura

Entre alianças, rupturas e desconfianças, o tabuleiro político do Tocantins ferve antes mesmo de 2026
Eduardo Siqueira (Podemos), Dorinha Seabra (União Brasil) e Laurez Moreira (PDT) protagonizam um triângulo político onde as alianças mudam de lado com a mesma velocidade das promessas eleitorais. O que parecia uma reaproximação entre Eduardo e Dorinha soa, na prática, mais como pacto de sobrevivência do que parceria de projeto. Uma união política com aliança no dedo, mas com o divórcio já rascunhado.
A recente reafirmação de apoio do prefeito de Palmas à pré-candidatura da senadora ao governo vem embalada em discursos de “união e futuro”, mas o bastidor é menos romântico. As falas foram calculadas “cavadas”, como se diz no jargão político e surgiram logo após Dorinha negar apoio à candidatura de Eduardo à prefeitura. Ou seja: não foi coincidência, foi estratégia.
Em 2023, o prefeito precisou se desfiliar do União Brasil para poder concorrer, já que Dorinha e o grupo majoritário apostavam em Janad Valcari (PL), bancada por Carlos Gaguim e Eduardo Gomes. Eduardo, que parecia carta fora do baralho, virou o jogo: venceu gastando menos da metade da adversária (R$ 3,9 milhões contra R$ 10,6 milhões) e levou o segundo turno com 53,03% dos votos. Uma vitória política e pessoal e um recado direto à senadora.
Mas o enredo ficou ainda mais saboroso quando Laurez Moreira, vice-governador e presidente estadual do PDT, rompeu com o governador Wanderlei Barbosa justamente porque Wanderlei decidiu apoiar Janad. Laurez, então, desceu do palanque governista e subiu no de Eduardo. Um gesto de rebeldia raro, que escancarou o racha dentro do próprio governo e marcou o nascimento de uma nova aliança no tabuleiro.
Só que, como toda história de poder, o enredo tem reviravolta. Enquanto Laurez se aproximava de Eduardo, Tiago Dimas filho de Ronaldo Dimas resolveu embarcar na barca de Laurez, deixando o prefeito de Palmas de lado. O movimento passou quase despercebido, mas foi um sinal claro: dentro do grupo, a fidelidade é negociável, e cada um rema conforme a maré eleitoral.
Hoje, o suposto apoio de Eduardo à Dorinha é menos uma declaração de amor político e mais uma trégua temporária. Ele sabe que precisa manter pontes abertas, mas não entrega o controle do jogo. Nas conversas de bastidor, seu alinhamento real tende mais para Vicentinho Jr. ou Carlos Gaguim nomes que orbitam Brasília com menos vaidade e mais pragmatismo.
Enquanto isso, Eduardo trabalha silenciosamente em outra frente. Em Araguaína, cultiva proximidade com o prefeito Wagner Rodrigues, do União Brasil, mas fiel a Ronaldo Dimas não a Dorinha. O prefeito palmense aposta nessa via paralela, onde o poder se costura fora dos holofotes e longe das reuniões partidárias. Dorinha, ironicamente, preside o UB, mas vê sua influência interna escoar por entre os dedos.
Laurez, por sua vez, virou uma peça-chave: rompeu com o governo, apoiou Eduardo, mas mantém seu próprio projeto político. Wanderlei ainda lambe as feridas da traição, e Tiago Dimas observa de longe, medindo quando e com quem será mais vantajoso embarcar.
Em resumo, o Tocantins assiste a uma guerra fria travada em sorrisos e notas oficiais. Dorinha mira 2034, Eduardo pensa em 2032, e Laurez joga para estar bem posicionado em qualquer cenário. Cada um com seu calendário, cada um com seu cálculo.
O trio posa junto para a foto, mas ninguém ali confia totalmente no outro. A parceria existe, mas com cláusula de desconfiança mútua. Política, afinal, é isso: arte de abraçar o aliado com uma das mãos e segurar a faca com a outra.












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