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Editorial | Fammes 19 – O Jornalismo em Xeque

  • Foto do escritor: Welton Ferreira
    Welton Ferreira
  • 25 de set.
  • 3 min de leitura
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O Tocantins enfrenta hoje não apenas uma crise política, mas também um desafio profundo para o jornalismo: separar o que é notícia do que é narrativa construída. Desde o início da Operação Fammes 19, que culminou no afastamento do governador Wanderley Barbosa, nosso compromisso tem sido com a verdade, apurando fatos de ambos os lados e checando rigorosamente todas as fontes.

A segunda fase da operação, conduzida pela Polícia Federal, atingiu gabinetes e residências de dez deputados investigados por suposto desvio de recursos destinados à compra de cestas básicas. Mandados expedidos pelo Tribunal de Justiça garantiram a execução legal das buscas, inclusive na Assembleia Legislativa.

Entre os alvos, destacou-se a residência do deputado Olintho Neto, herdeiro de grande fortuna que inclui fazendas, hotéis e imóveis, além de advogado de carreira. Foram apreendidos R$ 64 mil, US$ 1.000, € 4.970, uma arma de fogo, um tablet e dois relógios de luxo — um Rolex e um Patek Philippe.

Outros resultados também chamaram atenção:

  • Na casa da ex-prefeita e ex-deputada Walderez, foram encontrados R$ 700 mil em espécie, somando-se à sua condição de grande proprietária de terras.

  • Com o deputado Valdemar Júnior, a PF recolheu R$ 4.105 em uma Hilux locada pela Assembleia Legislativa, R$ 570 em espécie, além de relógios de marca e celulares.

  • Já com Raul Cayres, filho do deputado Amélio Cayres — que é um grande pecuarista na região do Bico do Papagaio — foram apreendidos R$ 25 mil em um veículo Polo, valor que, segundo a defesa, teria comprovação de destino.

  • Na residência do deputado Jorge Frederico, encontraram R$ 36 mil em espécie, € 1.855 e dois veículos avaliados em mais de R$ 100 mil. Ressalta-se que Frederico é um grande agropecuarista e, segundo sua defesa, teria como comprovar a origem e o destino da quantia.

  • Na residência do deputado Cleiton Cardoso, a PF recolheu três celulares — incluindo um usado durante as eleições — e um Honda HR-V 2025 registrado em nome de empresa. Cleiton Cardoso é um grande produtor rural, reforçando a necessidade de cautela na análise dos fatos.

  • Na casa do deputado Vilmar Oliveira, os agentes apreenderam documentos, mídias digitais e um barco registrado em nome de empresa, mas declarado como propriedade do parlamentar. Vilmar Oliveira é também pecuarista e empresário com forte atuação econômica no estado.

Esses fatos levantam questões inevitáveis:

  • Por que apenas o portal Metrópoles e o Jornal Opção tiveram acesso detalhado aos valores apreendidos?

  • Por que certas informações são repetidas exaustivamente, quase como um roteiro pronto?

  • Por que a própria Polícia Federal teria priorizado esses veículos, repassando informações exclusivas? Haveria interesse oculto, alinhamento de bastidores ou seria apenas um furo jornalístico?

  • Bastidores afirmam ainda que tanto o Metrópoles quanto o Jornal Opção mantêm ligações com políticos influentes, o que reforça a suspeita de que a cobertura não seja tão imparcial quanto aparenta.

  • E mais: qual o interesse desses portais em “requentar” notícias constantemente, mesmo sem fatos novos na operação ou em decisões judiciais?

Outro ponto crítico é o próprio pedido de busca e apreensão, que estabelecia que valores abaixo de R$ 10 mil não poderiam ser recolhidos. Apesar disso, matérias divulgadas destacaram exatamente quantias inferiores, como no caso do deputado Valdemar Júnior.

Estamos, portanto, diante de uma encruzilhada: trata-se de jornalismo investigativo legítimo ou de uma imprensa privilegiada, que escolhe fatos a dedo e molda narrativas de acordo com conveniências políticas?

O Tocantins merece transparência total — não apenas dos investigados, mas também daqueles que se apresentam como guardiões da notícia. O verdadeiro jornalismo deve permanecer firme: questionando, investigando e cobrando respostas, sem se deixar transformar em peça de um jogo político.



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