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Editorial – Tocantins 37 anos: o estado jovem que envelheceu antes da hora

  • Foto do escritor: Welton Ferreira
    Welton Ferreira
  • 5 de out.
  • 2 min de leitura
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Trinta e sete anos depois de nascer do idealismo e da luta de um povo esquecido no norte de Goiás, o Tocantins chega à maturidade com a alma cansada e a esperança arranhada. O estado mais jovem do Brasil já deveria ter deixado de ser laboratório político para se tornar modelo de gestão — mas, ao contrário, se transformou num palco de escândalos, vaidades e revezamentos de poder entre os mesmos de sempre.

O sonho de Siqueira Campos era de um Tocantins pujante, planejado, com capital moderna e povo próspero. Palmas surgiu do nada — símbolo de um recomeço. Mas o que se ergueu junto com os prédios foi também uma estrutura política viciada, que trocou o ideal de desenvolvimento pela lógica da conveniência. De lá pra cá, quase todos os governos terminaram sob suspeitas, afastamentos ou investigações.

O Tocantins já viu de tudo: prisões de ex-governadores, operações da Polícia Federal, escândalos de desvios milionários na saúde e na infraestrutura, e, mais recentemente, o afastamento do governador Wanderlei Barbosa no rastro da Operação Fames-19. Uma cena que se repete com novos nomes, mas velhos enredos — sempre marcados por promessas de moralização que acabam soterradas pela prática da velha política.

Enquanto isso, o povo segue refém de uma gestão que vive de propaganda. Obras inacabadas são reeditadas como novidades, o funcionalismo público é usado como escudo eleitoral, e a máquina estatal continua servindo mais para sustentar apadrinhados do que para entregar resultados. A população, vivendo a instabilidade política e jurídica, aumento do desemprego e insegurança econômica, não tem motivos reais para comemorar. Localmente, a sensação de estagnação é ainda mais forte: a expectativa de progresso é frustrada a cada anúncio de obras ou programas que não saem do papel.

E o Judiciário e o Ministério Público, que deveriam ser o freio moral desse sistema, ora agem com rigor exemplar, ora são acusados de seletividade — como se a lei tivesse lado e a balança da justiça, um peso para cada grupo político. A recente revogação de medidas cautelares do ex-governador Mauro Carlesse pelo STJ, por exemplo, levanta a velha discussão sobre até onde vai a imparcialidade e onde começa o compadrio.

O Tocantins nasceu para ser uma esperança e se tornou um espelho distorcido do Brasil — com a diferença de que, aqui, a juventude institucional não pode mais servir de desculpa. Quase quatro décadas depois, o estado deveria estar colhendo maturidade, mas parece preso em um ciclo adolescente de erros reincidentes.

Chegou a hora de quebrar o círculo vicioso que transforma cada aniversário em repetição de promessas. O povo tocantinense merece um governo que não precise de operações policiais para lembrar o que é ética. Que governe para o futuro, não para os aliados. Que faça o Tocantins ser, de fato, aquilo que prometeu ser em 1988: um novo começo, não mais do mesmo.

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