OPINIÃO | O Teatro Político de Tiago Dimas: Quando o Palco é o Poder
- Welton Ferreira

- 9 de out.
- 2 min de leitura

A política, dizem, é a arte do possível. Mas há quem a transforme na arte da conveniência. O deputado federal Tiago Dimas parece ter dominado essa técnica com maestria. Depois de anos empunhando a bandeira da direita com entusiasmo ao lado do pai, o ex-prefeito Ronaldo Dimas, e em sintonia com o grupo conservador de Wagner Rodrigues , agora o parlamentar surge nos holofotes dizendo ter “grande simpatia” pelo governo Lula.
O mesmo Tiago que já discursou em defesa de pautas liberais e do empresariado, hoje posa de aliado de um governo que representa exatamente o oposto do que ele defendia. A pergunta que ecoa é simples: o que mudou? As convicções ou as conveniências?
A resposta parece estar na geometria flexível da política tocantinense, onde a coerência é frequentemente moldada pelos ventos do poder. Tiago Dimas agora integra o palanque de Laurez Moreira, sendo o único deputado federal a se posicionar publicamente ao seu lado, em uma aliança que chama atenção pelo contraste ideológico e pela conveniência estratégica.
E como se não bastasse essa guinada repentina, recentemente, em entrevista ao programa O Quarto Poder, da jornalista Silene Borges, Tiago Dimas resolveu mirar no governador Wanderlei Barbosa, afirmando que ele era “página virada”. A declaração, no entanto, soou mais como uma dor de cotovelo do que como uma análise política, afinal, foi justamente Wanderlei quem deu uma verdadeira surra nas urnas sobre o pai de Tiago, Ronaldo Dimas, com mais de 500 mil votos de vantagem nas últimas eleições.
Enquanto declara simpatia pelo governo Lula e tenta se reposicionar como um político de “centro-esquerda”, Dimas mantém fortes laços com o grupo de Wagner Rodrigues, seu antigo aliado da direita. O resultado é um cenário que mais parece um jogo de compadres, em que todos se movem com cuidado para não perder o espaço nem de um lado, nem do outro.
No fundo, tudo se assemelha a um teatro bem ensaiado, onde os personagens mudam o discurso conforme o público, e a ideologia é apenas figurino de ocasião. Tiago Dimas talvez seja apenas o ator principal da vez interpretando com habilidade o papel de quem está sempre do lado certo... do poder.
Porque, no fim das contas, o que menos importa é o lado o que importa é o palco. E se o palco apagar, Tiago Dimas acende outro desde que o holofote continue sobre ele.












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